
Zelensky: De Alvo de Impeachment a Vingança Internacional – O Que Realmente Aconteceu?
Donald Trump, durante seu primeiro mandato como presidente dos Estados Unidos, de 2017 a 2021, enfrentou dois processos de impeachment. Em ambos os casos, ele foi condenado na Câmara dos Representantes, controlada pelos democratas, mas foi absolvido no Senado, onde a maioria era republicana. Essa absolvição garantiu que Trump mantivesse seus direitos políticos e pudesse retornar à presidência em seu atual mandato.
O segundo processo de impeachment, que recebeu mais atenção, envolveu a acusação de incitação à insurreição, relacionada à invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Esse evento provocou um debate intenso sobre a possibilidade de um ex-presidente ser condenado após deixar o cargo, questão que, no entanto, não resultou em condenação.
O primeiro processo de impeachment, que recebeu menos destaque, está ligado a um episódio significativo nas relações entre Trump e a Ucrânia, especialmente em sua interação com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Em 2019, Trump congelou o envio de 391 milhões de dólares em ajuda militar para a Ucrânia, uma ação que visava pressionar Zelensky a investigar negócios da família Biden na Europa Oriental. Além disso, Trump condicionou uma visita oficial de Zelensky à Casa Branca à sua cooperação nessa investigação. Essa situação foi alarmante, pois a assistência militar já aprovada pelo Congresso era vital para a Ucrânia, dada a crescente agressão da Rússia na região.
O polêmico telefonema entre Trump e Zelensky ocorreu em 25 de julho de 2019 e foi gravado, como é prática comum em comunicações diplomáticas. Os tradutores e diplomatas presentes se sentiram chocados com o teor da conversa e decidiram denunciar Trump ao Comitê Judicial da Câmara. Essa reação contribuiu para a aversão que Trump nutre em relação a partes do funcionalismo público, que ele costuma chamar de “deep state”, referindo-se a um suposto grupo que se opõe à sua administração.
Uma testemunha central nesse processo foi Lev Parnas, um empresário ucraniano que, na época, foi convocado por Trump e seu advogado, Rudolph Giuliani, para facilitar o contato com Zelensky. Parnas afirmou que Trump buscava informações prejudiciais sobre Hunter Biden, filho do ex-vice-presidente Joe Biden, que atuava na empresa de energia Burisma Holdings.
Após o vazamento do telefonema, Trump tentou intimidar testemunhas e obstruir as investigações do Congresso, o que resultou nas acusações de abuso de poder e obstrução da Justiça. Além disso, os legisladores acusaram Trump de ultrapassar suas competências ao reter recursos que o Congresso já havia destinado à Ucrânia.
Zelensky se tornou o foco de uma das maiores crises enfrentadas por Trump durante sua presidência. Quando o escândalo veio à tona, quase metade da população americana expressou apoio ao impeachment do presidente. O histórico confronto entre Trump e Zelensky no Salão Oval, em um contexto de pressão política, carrega esses antecedentes.
Seis anos depois do escândalo, Trump foi eleito para seu atual mandato. No dia seguinte à sua vitória, Parnas, que havia desempenhado um papel no contato entre Zelensky e Trump, fez uma publicação nas redes sociais comentando sobre o comportamento de Trump, destacando que o ex-presidente nunca pareceu disposto a perdoar. Essa observação ilustra bem a postura de Trump e sua tendência a buscar retaliação em vez de reconciliação.
Essa narrativa complexa, que envolve questões de poder, política internacional e as intricadas relações entre indivíduos e instituições, continua a influenciar o cenário político dos Estados Unidos. O impeachment e suas consequências ainda são temas de debate e reflexão, tanto para o presente quanto para o futuro da política americana.