O Santos Futebol Clube enfrenta um cenário financeiro desafiador, conforme revelado em um recente parecer do Conselho Fiscal sobre seu balanço patrimonial de 2024. Embora o documento ainda não tenha sido divulgado oficialmente, ele indica que a dívida do clube atingiu R$ 122,1 milhões até dezembro, o que equivale a 30,99% da receita orçada para o ano, estimada em R$ 394 milhões. Esse percentual excede o limite de 10% estabelecido pelo estatuto do clube, exceto em situações específicas, como a substituição de financiamentos anteriores.
O aumento da dívida foi atribuído principalmente à captação de novos empréstimos e ao aumento das obrigações com fornecedores e transferências de atletas. No decorrer do ano, o clube contraiu R$ 30 milhões em novos empréstimos e assumiu 36 novos compromissos, totalizando R$ 26 milhões em títulos a pagar.
Apesar da situação delicada, o Conselho Fiscal recomendou a aprovação das contas, considerando a legislação interna e o parecer de uma auditoria independente. A gestão atual está empenhada em um processo de recuperação, enfrentando um cenário atípico, que incluiu o rebaixamento à Série B, impactando negativamente as receitas e o planejamento do clube.
O relatório também destaca a necessidade de uma revisão orçamentária, a fim de alinhar as estimativas à realidade financeira do clube. O Santos apresentou um déficit de R$ 105 milhões, apesar de ter superado as previsões de receitas com um total de R$ 459 milhões, impulsionado pela venda de atletas e novos empréstimos. Por outro lado, as despesas operacionais foram superiores ao previsto, totalizando R$ 334 milhões — R$ 69 milhões acima do orçamento inicial. As despesas administrativas também ultrapassaram as previsões, atingindo R$ 66,9 milhões, contra R$ 41,9 milhões esperados.
Embora o clube tenha registrado um superávit operacional de R$ 58,3 milhões, o resultado final foi afetado por despesas financeiras, amortizações de contratos de atletas, provisões e depreciação. A dívida do Santos continuou a crescer, com o passivo circulante subindo de R$ 314 milhões para R$ 437 milhões entre 2023 e 2024, e o passivo não circulante subindo de R$ 460 milhões para R$ 539 milhões. Assim, o patrimônio líquido fechou o ano com um saldo negativo de R$ 529 milhões.
Ecientificamente, o clube mantém conformidade com o PROFUT, embora tenha ultrapassado o limite de endividamento de 20% da receita bruta. A diretoria não pode ser responsabilizada, segundo a legislação, já que não houve dolo ou culpa grave, conforme o entendimento do parecer.
Concluindo, o Conselho Fiscal decidiu, por unanimidade, que, apesar dos desafios financeiros, não existem impedimentos para a aprovação das contas de 2024, sinalizando um movimento em direção à recuperação e à estabilidade do clube.
