Rússia e Irã selam acordo confidencial: O que realmente está por trás do pacto?

Na última sexta-feira, Rússia e Irã firmaram um acordo estratégico de 20 anos, voltado para fortalecer a cooperação econômica e militar entre os dois países. Ambos enfrentam sanções e isolamento promovidos pelos Estados Unidos e pela União Europeia, tornando essa parceria ainda mais significativa.

O acordo foi assinado pelos presidentes Vladimir Putin e Masoud Pezeshkian em Moscou. Para evitar comparações com antigos arranjos hostis, como o chamado “eixo do mal”, o texto do acordo não incluiu uma cláusula de defesa mútua, diferentemente de um pacto anterior entre Rússia e Coreia do Norte. A Coreia do Norte, por exemplo, enviou milhares de soldados para apoiar a Rússia na guerra com a Ucrânia.

Um dos motivos que levou à cautela de Moscou ao formalizar este novo acordo é a expectativa de que Donald Trump possa retornar à presidência dos Estados Unidos. Trump indicou um interesse em renegociar a guerra na Ucrânia e, dependendo de suas promessas de campanha, isso pode beneficiar a Rússia. Essa situação também reflete a atenção do Irã, que, embora seja um rival declarado dos EUA no Oriente Médio, está tentando evitar uma escalada de conflitos.

As dinâmicas atuais da região estão repletas de tensões. Depois dos desdobramentos recentes, o Irã está tentando não agravar sua situação, especialmente em relação a seus aliados regionais, como Hamas e Hezbollah, que sofreram perdas consideráveis. A guerra no Oriente Médio, e a pressão de Israel e EUA, têm feito o Irã adotar uma postura de cautela, evitando um confronto direto.

Apesar do recente pacto, as alianças entre rivais dos EUA, como a Rússia, China, Coreia do Norte e Belarus, têm um claro tom antiamericano. A parceria entre Rússia e China, por exemplo, se fortaleceu com exercícios navais conjuntos e patrulhas aéreas. A China também mantém um acordo de 25 anos com o Irã, fortalecendo sua posição contra os EUA.

O cenário geopolítico é complexo. Embora haja um novo alinhamento de potências, não se trata de um sistema rígido de alianças como o que existia na Europa em 1914. A divisão entre proponentes da China e dos EUA ainda é visível, e as relações entre países como Irã e Rússia são historicamente marcadas por desconfianças e interesses divergentes.

O Irã, que é um membro recente do grupo BRICS, mantém uma estratégia que busca alternativas ao domínio ocidental em suas relações internacionais. Além disso, a colaboração entre os dois países já se torna evidente na transferência de tecnologia militar e no fornecimento de equipamentos, como drones e caças.

No entanto, existem preocupações sobre potenciais cláusulas secretas dentro do novo acordo, especialmente no que tange a tecnologia nuclear. Analistas observam que a possibilidade de troca de tecnologia nuclear sob o pretexto de cooperação pacífica é um ponto de tensão.

Economicamente, a Rússia e o Irã estão explorando projetos conjuntos, como uma ligação ferroviária na região do Mar Cáspio, onde empresas iranianas também estão ativas. Ambos os países enfrentam restrições em suas indústrias de energia devido às sanções, o que potencializa a busca por parcerias que diversifiquem seus mercados.

Apesar das intenções de estreitar laços, há um descompasso econômico aparente entre as duas nações. A economia russa é significativamente mais forte em comparação com a do Irã, e a Rússia é vista como o principal parceiro dentro da nova organização sino-russa. O comércio entre Rússia e China já alcançou recordes, enquanto os acordos com o Irã ainda estão aquém do potencial.

Em resumo, a aliança entre Rússia e Irã representa uma nova fase nas relações internacionais, marcada por um esforço em aumentar a autonomia de ambos os países em um contexto global polarizado. A complexidade das interações entre essas nações, suas economias e suas agendas políticas indica que, embora o acordo tenha sido firmado, os desafios na cooperação duradoura persistem.

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