Redescubra os Carros Icônicos dos Anos 90: Os Sonhos de Consumo que Voltaram com Tudo!

Quando Ernesto Kabashima adquiriu sua VW Parati GTI de 1999, seu plano inicial era apenas revitalizar o veículo e vendê-lo. No entanto, após participar de uma competição de carros clássicos, ele reconsiderou. “Foi tão prazeroso que decidi investir na restauração e desisti de vendê-la,” compartilha Kabashima, que, aos 48 anos, é um entusiasta e colecionador ativo no crescente mercado de automóveis clássicos.

Estudos indicam que a Geração X, pessoas nascidas entre 1965 e 1980, representa uma parcela significativa dos colecionadores, respondendo por 34% da demanda por veículos clássicos. Em seguida, os baby boomers, nascidos entre 1946 e 1964, ocupam a segunda posição com 33%. Essa tendência revela um aumento no interesse por carros dos anos 1990, muitas vezes referidos como neoclássicos.

Kabashima explica que, para ele, esses veículos simbolizam a época em que conseguiu obter sua habilitação, mas não tinha condições financeiras para adquirir o carro que desejava. “Agora, ao encontrar essas oportunidades, é uma forma de reviver aquela fase da vida,” diz ele.

Pedro Luiz Candido, organizador de eventos automobilísticos, confirma que metade dos participantes do Rally Clássico é composta por indivíduos que viveram sua juventude na década de 1990 e que agora têm maior poder aquisitivo. Para muitos, esses carros representam uma conexão emocional, seja pela nostalgia ou pela semelhança com os modelos que utilizamos atualmente.

Henrique Mendonça, proprietário da loja O Acervo em São Paulo, complementa que os carros dos anos 1990 são considerados o auge do design automotivo. “Esses modelos oferecem um equilíbrio entre tecnologia e conforto, como injeção eletrônica, ar-condicionado e direção hidráulica, além de recursos de segurança como airbag e ABS,” afirma. Ele estima que entre 20% a 50% dos carros em sua loja foram fabricados nessa década.

A demanda por esses automóveis tem impacto direto nas oficinas de restauração. Bruno Tinoco, dono da Motorfast, aponta que atualmente entre 20% a 25% dos carros que passam pela sua oficina são modelos dos anos 1990, sendo muitos deles importados. Tinoco observa que esse crescimento na procura ocorreu especialmente durante a pandemia, quando muitos optaram por realizar seus sonhos de consumo.

A reabertura da entrada de carros estrangeiros em 1990 trouxe um novo patamar de tecnologia e sofisticação ao mercado brasileiro. Exemplos inovadores, como o Citroën XM com sua suspensão hidropneumática ou o Renault Safrane com recursos interativos, destacaram o avanço em relação aos modelos nacionais.

Ao considerar a compra de um carro da década de 1990, muitos entusiastas se deparam com a dúvida entre optar por um veículo nacional ou importado. Embora os modelos importados possam exigir um investimento maior em peças e manutenção, eles frequentemente oferecem facilidade na obtenção de componentes, já que sua identificação é mais universalizada.

No entanto, veículos nacionais, especialmente esportivos como o Kadett GSI ou Gol GTI, podem apresentar desafios devido à especificidade das peças. Esses modelos, muitas vezes, requerem reparos mais caros e complexos. Por outro lado, o custo de manutenção de veículos importados também pode ser elevado, dado o preço das peças e os custos de envio.

Tinoco menciona que os modelos da Alfa Romeo exigem cuidados especiais, principalmente no que diz respeito a mecânica e acabamento, enquanto os carros franceses, apesar de difíceis de encontrar peças, costumam ter um custo menor quando as peças estão disponíveis.

O crescente interesse pelos carros dessa época tem levado a valorização significativa de modelos raros, como o VW Gol GTI de 1994, que foi vendido recentemente por R$ 400 mil. Esse valor é equivalente ao preço de um sedã BMW 320i zero-quilômetro. Outras vendas notáveis incluem um Chevrolet Opala Diplomata de 1992 vendido por R$ 550 mil, destacando a importância da originalidade e conservação do veículo para alcançar tais preços.

A paixão por carros dos anos 1990 está ressoando entre colecionadores e entusiastas, não apenas como uma forma de nostalgia, mas também como uma oportunidade de investimento. A interseção entre emoção e valor de mercado tem moldado esse segmento, criando um ambiente vibrante para amantes de automóveis clássicos.

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