
Natura Passa por Mudanças Radicais: Nova Liderança, Dimplendos em Jogo e a Extinção da Holding!
A Natura anunciou recentemente a incorporação de sua holding não operacional, Natura&Co, pela Natura Cosméticos. Essa decisão faz parte de uma estratégia voltada para simplificar a operação da empresa, com o objetivo de aumentar a eficiência e gerar reservas de lucro que permitam o retorno ao pagamento de dividendos.
Essa reestruturação trará mudanças significativas na governança da companhia. Com a extinção da holding, Fábio Barbosa, atual CEO da Natura&Co, deixará suas funções operacionais e assumirá a presidência do conselho da empresa. Essa posição é atualmente compartilhada pelos fundadores Guilherme Leal, Pedro Passos e Antônio Seabra, que juntos controlam 38,4% das ações da Natura.
João Paulo Ferreira, que já lidera a Natura Cosméticos, será o novo CEO da empresa como um todo e também ocupará um assento no conselho. Além disso, houve a saída do CFO Guilherme Castellan, que decidiu permanecer em Londres, o que não seria mais viável após a incorporação da holding. Ele irá assumir um cargo em uma empresa fora do Brasil. No entanto, Silvia Vilas Boas, atual CFO da Natura Cosméticos para a América Latina, será promovida a CFO da companhia inteira.
Barbosa destacou que essa incorporação resultará em consideráveis economias de custos, embora não tenha fornecido números exatos. Nos últimos anos, as despesas da Natura&Co já diminuiu significativamente, passando de R$ 559 milhões em 2021 para R$ 240 milhões em 2022 e com expectativa de que fique abaixo de R$ 200 milhões este ano. Ele afirmou que essa simplificação tornará a Natura uma empresa mais ágil e permitirá a acumulação de lucros para a distribuição de dividendos aos acionistas.
Castellan mencionou que a distribuição de dividendos está nos planos da empresa, mas a maior parte da geração de valor nos próximos anos virá da expansão do EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), especialmente com a integração da Avon Latam à Natura. Ele acrescentou que, uma vez resolvida a situação da Avon Internacional, a companhia pode voltar a ter uma estrutura semelhante à que tinha antes de 2017, permitindo um maior investimento no negócio e a possibilidade de pagar dividendos.
Essa mudança se deu em um momento em que a Natura reportou resultados do quarto trimestre que decepcionaram o mercado, resultando em uma queda de quase 30% nas ações da empresa. Após sete trimestres seguidos de melhora na margem bruta, a empresa viu uma queda recente, que gerou dificuldades para explicar as causas do ocorrido.
João Paulo defendeu que a diminuição na margem foi apenas um “desvio” temporário e que a tendência de melhora continua. Ele reafirmou o compromisso da empresa com a expansão de rentabilidade e crescimento, embora admita que a explicação para a queda não foi clara o suficiente. Segundo ele, a próxima fase da integração da Avon Latam com a Natura já foi concluída no Brasil, restando apenas os processos na Argentina e no México, que deverão ser finalizados até o final do ano.
Com a extinção da holding e a finalização do processo de integração, Barbosa declarou que considera essa fase como “missão cumprida”, uma vez que a alavancagem da empresa caiu de 7x EBITDA em 2021 para 1x no momento atual. Porém, ele reconheceu que o assunto da Avon Internacional ainda precisa ser plenamente resolvido e que estão em negociação para encontrar uma solução em breve.
Nos últimos meses, a Natura vinha discutindo a transferência da Avon Internacional para a gestora IG4. Embora a exclusividade das negociações tenha terminado, Barbosa afirmou que continuam as conversas sem essa condição, visando acelerar o processo. Caso a negociação não se concretize, a empresa já possui planos alternativos.
A Avon Internacional, presente em 36 mercados, especialmente na Europa Oriental, tem enfrentado dificuldades financeiras por vários anos. Estima-se que, no ano passado, tenha consumido mais de US$ 100 milhões em caixa. Diante desse cenário, é esperado que a Natura precise pagar algum valor para que um novo interessado assuma a operação. Fechar completamente a unidade também seria um caminho, mas poderia acarretar custos ainda maiores, podendo chegar a US$ 200 milhões, segundo analistas.
Atualmente, a Natura tem um valor de mercado de R$ 13,4 bilhões na B3, com suas ações apresentando uma queda de 46% nos últimos 12 meses. A expectativa é que essas novas mudanças, juntamente com a integração em curso, ajudem a estabilizar a empresa e a colocá-la em um caminho de recuperação e crescimento sustentável no futuro.