Mais de 160 mil pessoas se unem em Berlim contra a extrema direita: Um dia histórico de protestos!
No último domingo, Berlim foi palco de uma grande manifestação contra a aproximação entre partidos da direita e da extrema direita na Alemanha. O evento, que ocorreu a poucos dias das eleições parlamentares, atraiu um número significativo de participantes, estimados em mais de 160 mil pela polícia, enquanto organizadores afirmaram que o total poderia chegar a 200 mil.
Os manifestantes se reuniram em frente ao Bundestag, o Parlamento alemão, antes de iniciarem uma marcha rumo à sede do partido União Democrata-Cristã (CDU). A mobilização tinha como objetivo chamar a atenção dos partidos que se consideram democráticos para a necessidade de proteger a democracia, conforme destacou Anna Schwarz, uma das participantes do protesto.
Os protestos ganharam força após uma decisão recente do CDU, liderado por Friedrich Merz, candidato a chanceler, de aceitar os votos da extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) em uma tentativa frustrada de aprovar um projeto de lei referente à imigração. Essa aliança provocou forte rejeição entre os manifestantes, que organizaram a mobilização para expressar sua preocupação com o que consideram uma ameaça à democracia e aos direitos humanos.
A aproximação entre o CDU e a AfD quebrou um tabu político que perdurava na Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial, quando os partidos tradicionais estabeleceram um “cordão sanitário” para evitar colaborações com grupos de extrema direita. Essa nova dinâmica gerou um clima de insegurança entre os cidadãos, muitos dos quais expressaram em seus cartazes e gritos que a história da Alemanha não deve se repetir.
Entre as vozes mais impactantes estava a de sobreviventes do Holocausto, que alertaram sobre os perigos de uma crescente normalização da extrema-direita no cenário político. Muitos manifestantes acusaram o líder do CDU, Merz, de buscar um “pacto com o diabo” e se opuseram veementemente à sua estratégia de romper com o histórico isolamento da extrema-direita no país.
O chanceler Olaf Scholz também expressou suas preocupações, alertando que uma potencial aliança entre a AfD e o CDU poderia colocar em risco princípios democráticos e os direitos fundamentais que foram conquistados ao longo das décadas. Embora Merz tenha negado a possibilidade de uma coalizão formal com a AfD, os críticos levantaram dúvidas sobre sua confiabilidade, citando que ele já havia quebrado promessas anteriores.
Em outras cidades alemãs, como Hamburgo, Leipzig, Colônia e Stuttgart, a mobilização também foi significativa, com mais de 220 mil pessoas se manifestando contra a extremização da política. A grande participação popular demonstra um forte desejo de defesa dos valores democráticos e dos direitos humanos, que muitos temem estar em risco com a ascensão da extrema-direita.
Com cerca de 500 policiais mobilizados para garantir a segurança do evento em Berlim, a manifestação ocorria num clima de tensionamento, mas sem grandes incidentes. O protesto destaca como a sociedade civil está mobilizada em diferentes frentes para proteger a democracia numa época em que o extremismo político vem ganhando espaço em várias partes do mundo.
À medida que as eleições se aproximam e o debate político se intensifica, a pressão popular por uma postura firme contra a extrema-direita parece estar mais forte do que nunca, sinalizando que os cidadãos estão atentos às mudanças no cenário político e dispostos a lutar por uma sociedade mais inclusiva e respeitosa.