
Kremlin Responde a Críticas de Trump a Putin: Tensão ou Diplomacia?
Na última segunda-feira, o Kremlin optou por não entrar em conflito com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que expressou sua irritação em relação ao presidente russo, Vladimir Putin. Trump ameaçou implementar tarifas sobre a compra de petróleo russo se não houver progresso nas negociações para um cessar-fogo na Guerra da Ucrânia.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, comentou que as negociações para um acordo de paz na Ucrânia, que foi invadida pela Rússia em 2022, continuam a ser uma preocupação para ambos os países. De acordo com fontes próximas ao Kremlin, a ameaça de Trump foi considerada como uma parte habitual do seu estilo de negociação. Essa análise sugere que a mudança no tom do presidente americano, que até então era favorável a Putin em discussões sobre a Ucrânia, não deve ser interpretada como um ponto de virada significativo.
Essa oscilação de posições pode, no entanto, gerar desconfianças nos círculos de poder russo em relação a Trump, que é visto como alguém sem um planejamento estratégico claro para a crise, buscando um cessar-fogo de forma superficial. Por outro lado, os comentários de Peskov também refletem uma abordagem cautelosa e tática da parte da Rússia. Essa cautela foi enfatizada em uma entrevista recente de Kirill Dmitriev, chefe do fundo soberano russo, à mídia russa, onde mencionou que um acordo sobre a exploração de minérios estratégicos com os Estados Unidos já está sendo discutido.
A exploração de recursos minérios, especialmente as terras raras, é uma prioridade para Trump, que está preocupado com a predominância da China nesse segmento. Até o momento, a Ucrânia, sob a liderança do presidente Volodimir Zelenski, tem resistido às pressões visando um acordo, afirmando que o apoio militar dos EUA a Kiev “não é uma dívida”.
Peskov também indicou que Putin está aberto ao diálogo com Trump, e que um encontro entre os dois líderes pode ser possível no futuro, assim como novas conversas telefônicas. Simultaneamente, Putin receberá o chanceler chinês, Wang Yi, que visitará Moscou por alguns dias, sinalizando a continuidade da aliança da Rússia com a China.
A frustração de Trump foi ressaltada em uma entrevista à NBC, onde criticou as crescentes demandas russas nas negociações. Na semana anterior, Putin havia priorizado um discurso que busca deslegitimar Zelenski, que está sem mandato há quase um ano devido à lei marcial vigente na Ucrânia. O presidente russo chegou a sugerir que a Organização das Nações Unidas (ONU) pudesse assumir a administração da Ucrânia para facilitar um futuro acordo de paz, uma proposta que não foi bem recebida em Washington, apesar de Trump ter feito comentários similares no passado.
A insatisfação de Trump também pode ser ligada à sua expectativa de um acordo rápido para o fim da guerra, um compromisso que ele havia prometido realizar durante sua campanha para a presidência. Além disso, há a questão do Ártico, um tema recorrente na política externa de Trump, especialmente em relação à Groenlândia, que é considerada estratégica por sua riqueza em minerais e por abrigar uma importante base militar dos EUA.
Na mesma semana da visita do vice-presidente americano a uma base na Groenlândia, Putin esteve no Ártico russo, onde lançou um novo submarino de propulsão nuclear equipado com tecnologia avançada. A Rússia tem reforçado sua presença militar na região, aproveitando o derretimento do gelo para abrir rotas comerciais.
Enquanto isso, os conflitos entre os dois países continuam, com ataques recorrentes de ambos os lados e acusações mútuas sobre o não cumprimento de termos de um cessar-fogo temporário que foi mediado pelos EUA. Recentemente, foram reportados novos ataques, com a Ucrânia alegando que a Rússia lançou vários drones e mísseis balísticos, enquanto a Rússia afirmou ter derrubado drones ucranianos em resposta.
A dinâmica entre os dois líderes e suas respectivas nações continua a ser complexa e repleta de desafios. As negociações pela paz e os interesses estratégicos permanecerão como tópicos centrais nos próximos desdobramentos da relação entre os Estados Unidos e a Rússia.