
Descubra quantos voos com deportados algemados pousaram no Brasil nos últimos anos!
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, conhecido como Itamaraty, e a Polícia Federal estão investigando se a prática de usar algemas em brasileiros deportados dos Estados Unidos é uma rotina da administração americana. O foco dessa investigação surgiu após a chegada de um grupo de 88 brasileiros a Manaus, no Amazonas, na semana passada, onde foram recebidos algemados, depois de problemas técnicos numa aeronave que os trazia de volta ao país.
A liderança da Polícia Federal argumenta que nos Estados Unidos é comum o uso de algemas durante o embarque dos deportados, ainda em solo americano. No entanto, destacam que durante o voo, essa medida deve ser aplicada apenas em situações que ofereçam risco à segurança dos passageiros e da tripulação.
A situação que ocorreu no pouso de Manaus levantou preocupações entre profissionais dos dois órgãos. O grupo de deportados desembarcou com algemas e correntes nos pés, o que gerou críticas e levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a ordenar a suspensão imediata do uso desses equipamentos nos deportados. Em resposta, um avião da Força Aérea Brasileira foi enviado para levar os deportados ao aeroporto de Confins, em Minas Gerais.
Essa questão não é nova nas relações entre Brasil e Estados Unidos. Desde 2021, os dois países têm se comunicado por meio de notas consulares e reuniões diplomáticas, onde acordaram tratar os brasileiros deportados com dignidade. Interlocutores do Itamaraty acreditam que esses entendimentos, reforçados por encontros com autoridades consulares, têm força de acordo e devem ser respeitados pelos Estados Unidos. Isso é considerado essencial para abordar assuntos operacionais que envolvem deportações.
A deportação frequente de brasileiros está relacionada a um acordo realizado em 2018 durante a administração de Michel Temer. Após relatos de que os deportados estavam sendo trazidos algemados nos voos, o Brasil solicitou uma revisão deste procedimento às autoridades norte-americanas. Responsáveis da diplomacia americana, como o Conselheiro de Segurança Nacional e o Secretário de Estado à época, foram consultados sobre essa preocupação.
O ex-chanceler Carlos França chegou a afirmar que, caso a solicitação brasileira não fosse considerada, o governo poderia até impedir o pouso de aeronaves que transportassem deportados. Com isso, houve um entendimento de que as algemas deveriam ser utilizadas apenas a bordo dos voos, e somente em situações que exigissem medidas para garantir a segurança da operação.
Esses desdobramentos refletem a importância da diplomacia no tratamento de assuntos sensíveis entre os países e evidenciam a necessidade de um diálogo contínuo para garantir os direitos humanos dos deportados. O Brasil busca assegurar que seus cidadãos sejam tratados com dignidade, independentemente de sua situação migratória.