Por que a ausência de Francisco deixará um vazio no diálogo global

Joseph Ratzinger, que se tornou Papa Bento XVI, viveu em um período marcado por tremendas mudanças políticas e sociais, especialmente no contexto da “guerra ao terror” que se intensificou após os ataques de 11 de setembro de 2001. Sua vida foi testemunha de uma reconfiguração da postura dos Estados Unidos no cenário internacional, em resposta a essas tragédias.

Durante esse tempo, o mundo também passava por uma série de revoltas populares, como os levantes da Primavera Árabe, que começaram na Tunísia em 2010, e culminaram com movimentos como o “Occupy”, que tomou as ruas de Nova York a partir de 2011. Essas manifestações refletiram um anseio por mudanças profundas nas estruturas sociais e políticas.

Quando Jorge Mario Bergoglio foi escolhido Papa em 2013, ele encontrou um contexto global ainda mais polarizado. O Brasil, por exemplo, estava se recuperando das grandes manifestações de junho daquele ano. Os cidadãos se mobilizaram em torno de questões como o aumento das tarifas de transporte público e, de forma mais ampla, expressaram sua indignação contra a corrupção.

Durante esse mesmo período, o campo progressista na América Latina se animou com o impacto do movimento “15 M”, que teve início em 2011 na Espanha e ajudou a formar o partido “Podemos” em 2014, simbolizando um clamor por renovação política e social.

Em paralelo, o segundo mandato do presidente Barack Obama foi um marco nos Estados Unidos, com um foco ampliado em políticas de diversidade e inclusão. Embora houvesse críticas a respeito da falta de avanços em questões como o encarceramento em massa — um tema crucial para as comunidades mais vulneráveis —, a administração de Obama fez progressos significativos na promoção de políticas que reconheciam e incluíam minorias sociais, especialmente nas áreas de educação e serviços públicos.

Esses eventos moldaram um panorama onde a liderança de figuras como os Papas Ratzinger e Bergoglio se tornou ainda mais relevante. Em um mundo cada vez mais dividido, a voz e a perspectiva de líderes espirituais podem oferecer um contraponto importante às tendências extremistas, trazendo uma mensagem de diálogo e inclusão em tempos de polarização.

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